quinta-feira, 20 de abril de 2023

Ambição madura



Já não somos mais com antes.
Mas, ansiamos por tal memória. 
E a vida, me parece tarde 
p'ra resolvermos nossa história. 

Carregamos no coração, um 
outro, distante e perdido tempo. 
Onde desejamos e perdemos. 
Onde verdades, não ensaiamos. 

De novo, rememoro sem este
objetivo de completar a releitura
por achar-me em vias tortuosas
de culpas que todo humano sente. 



(pintura de Anne Magill)




 

sábado, 12 de dezembro de 2020

Morte do amor


 

Choro.

Para não dizer nada.

Para ser ouvida.


Seu corpo

se prepara, se afasta,

com nossas memórias

morrendo.


E neste 

momento, não parece

você, não pareço

eu.



(Pintura de Malcolm T. Liepke)

sábado, 8 de agosto de 2020

Divagações



Sem fôlego, é madrugada. Ele é alguém
que não se ouve.  

Então, de si mesmo, ele se aproxima
uma última vez (e não ver nada) 

Ele se inclina na cama, onde está
escrevendo sobre si 
mesmo… (e não ver nada) 

Não está na alegria de ninguém!? 

Não está na alegria de ninguém?


Pintura de Thomas Schultd

segunda-feira, 27 de julho de 2020

A janela, terna. À janela, profundo




A janela, terna. À janela, 
profundo. 

Estou descalço e sem
cortinas. 

Está tudo muito longe,
inclusive

eu. No quarto, sobre a cama,
dorme um sonho, 

sonho que não reconheço
ser meu. 

A janela, terna. À janela,
profundo. 


Pintura de Roberto de Mitri

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Já se passou algum tempo


Já se passou algum tempo,
e eu me pergunto se a sua
atitude permanece a mesma:
Não me ver.

Eu baixei os olhos quando
te vi na rua, secretamente
doeu, uma vez que o único
a lembrar-se foi eu.

Já se passaram tantos
momentos em nossas vidas e
não estávamos juntos. Um
desperdício de horas.



(Pintura de Anne Magill)

sábado, 18 de abril de 2020

O passado



É uma
tela que 
repintamos
na lentidão e
apreciamos 
sozinhos. 

Cores lacrimais
de tinta ferida.
Martirizadoras
pinceladas
na mémoria,
tela
solitária(mente)

Atentamos
muitas
vezes e,
pouco à vontade, 
sozinhos 
em nossa pele. 


(Pintura de Anne Magill) 

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Após três anos



Como um oceano
vestido de luto,
nossa conversa
vaga e sem rumo.

Não é olho no
olho. 
Não é voz na
voz. 
Nem corpo no
corpo. 

Como um pulso
sem vida, e se
pulsa de novo: 
espasmos. 

Não é corpo no
corpo. 
Não é voz na
voz.
Nem olho no 
olho. 

Como um oceano
profundo e grande.
Sem sons e obscuro.
Um lugar estranho. 

Pintura de Steven Walker